by Roberto M.
O ato de classificar coisas está ligado intimamente ao intelecto. A classificação de objetos e de eventos ajuda a organizar o conhecimento.
Classificar significa agrupar em classes, tendo por base aspectos de semelhança entre os elementos.
Uma pessoa que resolve colecionar selos, por exemplo, não terá problemas se, pura e simplesmente, colocar seus poucos exemplares num envelope.
Entretanto, com o tempo, a variedade de selos vai aumentando e o colecionador corre o risco de se perder no meio de muitos exemplares, sem saber quantos selos possui e como localizá-los. Organizar ou classificar esses selos será uma necessidade que se tornará cada vez mais importante, à medida que a coleção vai aumentando.
Entretanto, com o tempo, a variedade de selos vai aumentando e o colecionador corre o risco de se perder no meio de muitos exemplares, sem saber quantos selos possui e como localizá-los. Organizar ou classificar esses selos será uma necessidade que se tornará cada vez mais importante, à medida que a coleção vai aumentando.
Para organizar ou classificar a coleção, a pessoa deverá escolher critérios, tais como procedência, data ou motivo da emissão e, com base nesses critérios, separar os selos em diferentes envelopes.
Do mesmo modo, os cientistas se viram obrigados a organizar a variadíssima coleção de seres vivos que habitam nosso planeta.
Os cientistas já catalogaram quase 2 milhões de espécies de seres vivos, e esse número tende a aumentar com a descoberta de novas espécies. A classificação biológica surgiu devido à necessidade de organizar essa grande variedade para estudá-la melhor.
ORIGEM DA CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA
Classificamos os seres vivos desde a Antiguidade, provavelmente porque era um sistema útil à sobrevivência. Era preciso, por exemplo, identificar os seres que serviriam como alimento e os que deveriam ser evitados.
Aristóteles, 3 séculos antes de Cristo, foi um dos primeiros estudiosos a tentar fazer esta classificação. Sua classificação, muito simples, dividia os animais em “sem sangue vermelho” e “com sangue vermelho”. Uma classificação nada prática, que ensejou novas tentativas posteriormente.
As primeiras tentativas de classificação, no entanto, foram resultado de esforços isolados de cientistas que, infelizmente, não usavam os mesmos critérios. Cada um falava uma “linguagem” de classificação diferente. Por exemplo, enquanto um dividia os animais pelo local de habitação (aquáticos, voadores, terrestres) outro usava o critério da hora em que os animais se encontravam em atividade (diurnos e noturnos).
Durante o Renascimento, diversos naturalistas dedicaram-se à classificação dos seres vivos com o objetivo de melhor compreender a organização da natureza.
Com a introdução do conceito de espécie pelo naturalista John Ray, no século XVII, os seres vivos começaram a ser classificados de acordo com sua história evolutiva e desenvolvimento embriológico.
Em 1735, o naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778), conhecido como Lineu, publicou o livro Systema Naturae, no qual propôs um sistema de classificação coerente, que serviu de base para os sistemas modernos de classificação. O principal critério usado por Lineu foi a organização corporal do organismo, ou seja, sua estrutura anatômica.
O QUE É TAXIONOMIA
Com a publicação de seu livro, Lineu inaugurou um novo campo de estudo nas ciências naturais, a Taxionomia. Lineu é considerado o pai da taxonomia moderna.
Do grego táxis (classificação, arranjo) e nómus (regra, lei), Taxionomia é a parte da ciência, o ramo da biologia, que se ocupa da identificação, nomenclatura e classificação dos seres vivos. É também conhecida como Taxonomia ou Taxeonomia. As três variações de nomes são aceitas pelos estudiosos do assunto.
A partir de Lineu, surgiram os taxionomistas, que desde então, têm-se dedicado á grande e árdua tarefa de identificar e catalogar as quase 2 milhões de espécies conhecidas.
Atualmente, além das semelhanças anatômicas, as classificações também levam em conta as semelhanças na composição química e na estrutura dos genes. Esta classificação é feita em grupos, de acordo com as características fisiológicas, evolutivas e anatômicas de cada ser vivo.
A taxonomia se divide em dois grandes ramos:
1 - sistemática, que divide os seres de acordo com suas semelhanças, e
2 - nomenclatura, que define normas universais para a classificação dos seres vivos com o intuito de facilitar o estudo das espécies ao utilizar uma denominação universal.
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO - PRINCIPAIS CATEGORIAS TAXIONÔMICAS
Nos sistemas atuais de classificação, a primeira categoria de classificação, ou primeira categoria taxionômica, é a espécie (do latim species: tipo). Ou seja, a unidade taxionômica básica é a espécie.
ESPÉCIE
Espécie é definida como um conjunto de seres semelhantes, capazes de se cruzar em condições naturais, produzindo descendência fértil.
A partir da espécie derivam as outras categorias taxionômicas.
Por exemplo, cães e lobos são espécies distintas, mas muito semelhantes. Por isso são reunidos numa categoria hierarquicamente superior, o gênero.
GÊNERO
Gênero é o agrupamento de várias espécies semelhantes.
Gêneros que apresentam semelhanças significativas são reunidos em uma categoria hierarquicamente superior, a família. Por exemplo, as raposas não pertencem ao gênero dos cães (Canis), mas são semelhantes o bastante para serem classificadas junto com os cães dentro da família Canidae.
FAMÍLIA
Família é o agrupamento de vários gêneros semelhantes.
Famílias que apresentam semelhanças significativas, por sua vez, são reunidas numa categoria hierarquicamente superior, a ordem.
ORDEM
Ordem é o agrupamento de famílias semelhantes.
Ordens que apresentam semelhanças significativas são agrupadas numa categoria hierarquicamente superior, a classe.
CLASSE
Classe é o agrupamento de ordens semelhantes.
Classes que apresentam semelhanças significativas são reunidas numa categoria hierarquicamente superior, o filo ou ramo.
FILO ou RAMO
Filo é o agrupamento de classes semelhantes.
Os filos que apresentam semelhanças significativas são reunidos e, por sua vez, compõem os reinos.
REINO
Reino é o agrupamento de filos semelhantes.
Resumindo tudo isso:
Espécies muito parecidas se reúnem num segundo grupo taxionômico chamado gênero, no qual evidentemente o grau de semelhança é menor do que na espécie. Gêneros afins formam famílias e estas formam ordens, que se reúnem em classes. As classes semelhantes constituem os ramos ou filos e estes os reinos.
EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO – A CLASSIFICAÇÃO DO CÃO DOMÉSTICO
É importante perceber que, à medida que caminhamos da espécie em direção ao reino, o grau de semelhança vai ficando menor e, portanto, o grau de parentesco é cada vez menor.
Como exemplo, vamos ver o caso do cão doméstico.
Cão pastor, labrador, dálmata têm um grau de semelhança que permite classificá-los dentro da mesma espécie que é a Canis familiaris.
Se compararmos qualquer um desses cães com um lobo, veremos que o grau de semelhança não é o mesmo. O lobo pertence a uma outra espécie, chamada Canis lupus.
Se compararmos qualquer um desses cães com um lobo, veremos que o grau de semelhança não é o mesmo. O lobo pertence a uma outra espécie, chamada Canis lupus.
Entretanto, essas duas espécies são semelhantes o suficiente para estarem no mesmo gênero, que no caso é Canis.
A semelhança entre a raposa e o cão é menor do que a semelhança entre o cão e o lobo. Por isso, a raposa pertence a outro gênero: Vulpes. Entretanto, a semelhança entre os gêneros Vulpes e Canis é suficiente para classificá-los na mesma família: Canidae.
O gato pertence à espécie Felis domesticus, que faz parte do mesmo gênero do leopardo (Felis pardus) e do jaguar (Felis onça). Os gêneros Felis, Panthera (leão), Lynx (lince) e outros semelhantes compõem a família Felidae.
A família Felidae apresenta várias semelhanças com as famílias Canidae (cão, lobo), Ursidae (urso), Hyaenidae (hiena), Mustelidae (quati) e outras, formando a ordem chamada Carnívora.
A ordem Carnívora, juntamente com as ordens Primata (homem, macaco), Edentata (tatu, tamanduá), Rodentia (rato), Chiroptera (morcego) e outras formam a classe Mammalia.
A classe Mammalia e as classes Aves, Reptilia, Amphibia, as classes de peixes e outras juntam-se para formar o ramo Chordata.
O ramo Chordata, juntamente com outros ramos de animais formam o reino Animália.
Bibliografia: 1) Linhares, Sergio de vasconcelos & Gewandsznajder, Fernando – Biologia do Organismo – Editora Ática
2) Amabis e Martho – Fundamentos da Biologia Moderna – Editora Moderna.
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legal, bem informativo
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