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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Noções Gerais sobre a articulação sonora de uma língua. Fonética, Fonologia, Fonema, Letras.

Ilustração mostrando exemplos de palavras com sua transcrição sonora em fonemas e sua representação escrita com letras.
by Roberto M.
Quando fazemos alguma referência à língua que usamos na nossa comunicação diária, é bem possível que pensemos, de imediato, em palavras escritas, textos impressos. Esse pensamento é comum numa sociedade letrada, ou seja, que possui um sistema de escrita. Devido à elevada importância que a modalidade escrita de uma língua adquire na conservação e propagação da cultura, a modalidade falada acaba, sendo encarada como secundária.

Entretanto, pela nossa própria experiência linguística, afinal aprendemos a falar antes de saber ler e escrever, podemos inferir que a fala sempre precede a escrita. Por isso, há muitos estudiosos de linguagem que afirmam que o verdadeiro estudo das línguas deve ser feito a partir da fala, e não da escrita.
O estudo da língua falada é feito pela fonética e pela fonologia. A fonética e a fonologia constituem o estudo da articulação sonora de uma língua.

A fonética leva em consideração as variantes dos sons emitidos, estudando o modo pelo qual a fala sofre mudanças regionais ou individuais.
A fonologia analisa o valor dos fonemas na formação das palavras. Na verdade, são as diferenças existentes em cada fonema de uma língua que possibilitam a diferença significativa de cada termo.

FONEMAS E LETRAS

Chamam-se fonemas as menores unidades sonoras de uma língua, consideradas elementares, que trazem, na sua emissão, marcas distintivas, responsáveis pela comunicação humana. Entenda-se como distintivo o fato de o fonema, ao ser substituído por outro ou ao substituir outro, estabelecer distinção de significado entre os vocábulos de uma língua.

Observemos as palavras abaixo:

má  -  pá  -  fá  -  lá  -  cá  -  chá

Podemos notar que, as trocas de letras iniciais produzem diferentes sons iniciais capazes de modificar o significado da palavra. As diferentes letras representam diferentes fonemas e não existe correspondência entre letra e fonema; a escrita não consegue reproduzir fielmente os sons da língua.

No caso da língua portuguesa, por exemplo, existem grandes incoerências, tais como:

1 - uma mesma letra pode representar fonemas diferentes. É o que acontece com o x nas palavras próximo, exemplo e peixe.
2 - um mesmo fonema pode ser representado por letras diferentes. É o que acontece em flecha e lixo.
3 - Uma única letra pode representar dois fonemas. É o que acontece em taxi.
4 - duas letras podem representar um único fonema. É o que acontece em chave.

Não confundamos, portanto, letra e fonema.
O fonema é uma unidade sonora, a letra é uma representação gráfica e visual do fonema na escrita formal. (Veja: "A correspondência entre som e letra, a representação gráfica dos Fonemas pela escrita")

Existe, até, o alfabeto fonético, símbolos especiais criados para possibilitar a representação fiel dos fonemas formadores dos vocábulos, que é utilizado na transcrição fonológica e na transcrição fonética dos sons da linguagem. (Veja em: Alfabeto Fonético: A representação dos fonemas por símbolos – Vogais, Semivogais e consoantes.).

CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS

Os fonemas classificam-se em vogais, consoantes e semivogais.

Vamos deixar bem claro que estamos falando da classificação dos fonemas e não das letras. Já sabemos que são coisas diferentes. (Veja: Quantas vogais tem a língua portuguesa?).
Sabemos que o alfabeto das letras (estamos acostumados a pensar na linguagem escrita) tem 5 letras vogais e 26 letras consoantes. (Veja: Alfabeto Oficial da Língua Portuguesa. O alfabeto das Letras. O Abecedário.)

Vamos ver agora como funcionam os fonemas.

Vogais: São fonemas produzidos por uma corrente de ar vibrante que passa livremente pela boca, proveniente dos pulmões. O ar não encontra obstáculos ao passar pela boca. As diferentes vogais são produzidas pelo diferente posicionamento dos músculos que delimitam a boca: a língua, os lábios e o véu palatino. São sons representativos da formação silábica. Em português, não há sílaba sem vogal. Na língua portuguesa existem 12 fonemas vocálicos. (Veja: Fonemas Vocálicos e seus critérios de classificação. Classificando as Vogais)

FONEMAS VOGAIS
/ a /
/ ã /
/ Ɛ  /
/ e /
/ ē /
/ i /
/ ĩ /
/ ɔ /
/ o /
/ õ /
/ u /
/ ũ /

Consoantes: São fonemas em cuja produção a corrente de ar proveniente dos pulmões enfrenta obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Esses obstáculos podem ser totais ou parciais, dependendo da posição da língua e dos lábios. São ruídos que soam juntamente com as vogais na formação silábica. na língua portuguesa existem 19 fonemas consonantais.(Veja: Fonemas Consonantais e seus critérios de classificação)

FONEMAS CONSOANTES
/ b /
/ r /
/ k /
/ R /
/ d /
/ s /
/ f /
/ t /
/ g /
/ v /
/ Ʒ /
/ ʃ /
/ l /
/ z /
/ m /
/ ʎ /
/ n /
/ ɳ /
 / p /


Semivogais: São os fonemas “i” e “u” que apesar de terem o som semelhante ao das vogais, quando aparecem apoiados em uma outra vogal são chamados de semivogais. Não formam sílabas sozinhas, as semivogais sempre estão acompanhadas de uma outra vogal para formar uma sílaba. São 2 os fonemas semivogais. (Veja: Fonemas Semivocálicos e suas representações.).

FONEMAS SEMIVOGAIS
/ y /
/ w /
Bibliografia: 1 - De Nicola, José & Infante, Ulisses – Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa – Editora Scipione – 15ª Ed. 

                    2 - Guimarães, Florianete & Guimarães, Margaret – A gramática lê o texto – Editora Moderna – 1ª Ed. 

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