O poema A fermosura desta fresca serra, de Luís Vaz de
Camões, faz parte da lírica clássica do autor. Este poema é um soneto, ou seja, tem uma forma fixa de composição poética. É composto de duas estrofes de quatro versos (quartetos ou quadras) e duas estrofes de três versos (tercetos).
Os sonetos de Camões são a parte mais conhecida de sua lírica. Dotado de inegável genialidade, coube a ele a melhor performance do soneto em língua portuguesa.
Quanto à métrica, que é a medida dos versos que compõem o poema, os versos são decassílabos (dez sílabas poéticas), notando-se a predominância dos decassílabos heróicos, nos quais a sexta e a décima sílabas são sempre tônicas.
Os sonetos de Camões são a parte mais conhecida de sua lírica. Dotado de inegável genialidade, coube a ele a melhor performance do soneto em língua portuguesa.
Quanto à métrica, que é a medida dos versos que compõem o poema, os versos são decassílabos (dez sílabas poéticas), notando-se a predominância dos decassílabos heróicos, nos quais a sexta e a décima sílabas são sempre tônicas.
A fermosura desta fresca serra
(Soneto nº 136)
Luiz Vaz de Camões
A fermosura desta fresca serra,
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;
o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;
enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos oferece,
me está (se não te vejo) magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.
Neste poema, Camões procurou mostrar a necessidade da presença da mulher
amada para que a felicidade do sujeito seja possível. Sem amor a vida não tem
interesse e o poeta não é capaz de viver a vida sem a amada, não consegue ter
alegria.
O soneto divide-se em duas partes lógicas, sendo que a palavra “enfim”
caracteriza essa mudança.
Na primeira parte (as duas quadras) acontece a descrição da
natureza que circunda o sujeito lírico, descreve-se uma natureza harmoniosa,
propícia ao amor.
Existe uma visão objetiva da natureza, descreve-se um ambiente verdejante,
fresco, aprazível, capaz de trazer felicidade e alegria a quem nele se
inserir.
Essa parte do texto é constituida por uma descrição que, basicamente, se
estrutura numa enumeração de elementos que constituem a paisagem
Na segunda parte (os dois tercetos) acontece a total
irrelevância da harmonia natural quando a mulher amada não está presente.
O sujeito poético tem um estado de espírito caracterizado pelo desgosto, dor
e sofrimento. Está num tal estado de abandono, devido à ausência da mulher
amada, que recusa tudo que o está rodeando. A infelicidade e a tristeza não o
deixam ver as coisas mais perfeitas da natureza. Incapaz de afastar a tristeza,
vê a natureza com os olhos da alma.
Essa parte do texto constitui uma síntese de tudo o que falou
sobre a natureza anteriomente (conclui-se que a natureza é “rara” e dotada de
grande “variedade”) e, além disso, o poeta introduz um novo elemento, o “tu”,
que vem juntar-se à natureza na terceira pessoa até então dominante. E a
presença desse elemento assume papel decisivo na visão da paisagem, ou seja, na
ausência da amada tudo o “enoja” e “aborrece”.
Na primeira parte, a descrição tendia para uma
objetividade (natureza, 3ª pessoa), já na segunda parte,com a
introdução das 1ª e 2ª pessoas do singular, o texto assume um certo dramatismo e
uma grande subjetividade (relação “eu – tu – natureza”).
Por fim, podemos observar, no poema:
- o uso de anáfora (uma figura de linguagem
caracterizada pela repetição de uma ou mais palavras no início de versos,
orações ou períodos): “Sem ti …/ Sem ti…” onde o poeta expressa
sua mágoa.
- o uso de hipérbole (uma figura de linguagem
que consiste em exagerar uma ideia com finalidade expressiva. É um exagero
intencional na expressão): “perpetuamente estou passando, / Nas mores
alegrias, mor tristeza” onde o poeta expressa toda a sua dor.
- o uso de antítese (uma figura de linguagem que
consiste na exposição de ideias opostas. Ocorre quando há uma aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos): “Nas mores alegrias, mor
tristeza” onde o poeta expressa toda a sua amargura pela ausência da
amada.
Inspirado em: A fermosura desta fresca serra – HMCOUT – SlideShare
Artigos Recomendados:
- Sonetos de Camões: (5) Amor é um fogo que arde sem se ver – Análise do poema.
- Iracema. Resumo e Comentários do Livro de José de Alencar.
- Memórias Póstumas de Brás Cubas. Inaugurando o Realismo brasileiro.
- Memórias de um Sargento de Milícias. Resumo, análise e comentários.
- Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Resumo e Comentários.
Muito obrigada! Esta análise foi-me bastante útil.
ResponderExcluir