by Roberto M.
Outro dia recebi uma historinha por e-mail com a qual me identifiquei
plenamente. Seja por experiência própria, ou por reparar nos acontecimentos ao
meu redor, com pais, irmãos, tios, primos, sobrinhos, amigos e conhecidos.
Por isso, resolvi repassá-la, para que mais pessoas a conheçam.
Aposto que a grande maioria dos que que a lerem, se identificarão com ela
também.
Não sei quem é o autor e, por isso, não posso dar os créditos, mas, seja quem
for, quero homenageá-lo pela sagacidade.
Este texto é dedicado a todos os meus amigos e parentes, sejam eles médicos
ou pacientes.
Qualquer semelhança com fatos reais, garanto, não é pura coincidência.
Vamos à historinha:
"Meu tio Totonho estava bem de saúde, até que sua esposa, minha tia Chiquita,
a pedido de sua filha, minha prima Lolinha, disse:
- Totonho, você está chegando aos 70 anos, está na hora de fazer um check-up
com o médico.
- Para quê, disse ele, estou me sentindo muito bem!
- Porque a prevenção deve ser feita agora, quando você ainda se sente jovem,
retrucou minha tia.
Então, meu tio Totonho foi ver um médico. O médico, sabiamente, mandou-o
fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano de saúde
cobrisse.
Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam muito bons,
mas tinha algumas coisas que podiam melhorar.
Então receitou:
Comprimidos Atorvastatina para o colesterol.
Losartan para o coração e hipertensão.
Metformina para evitar diabetes.
Polivitaminas para aumentar as defesas
Norvastatina para a pressão.
Desloratadina para alergia.
Como eram muitos medicamentos, tinha que proteger o estômago, então ele
indicou Omeprazol e um diurético para os inchaços.
Meu tio Totonho foi à farmácia e gastou boa parte da sua aposentadoria em
várias caixas requintadas de cores sortidas.
Nessa altura, como ele não conseguia se lembrar se os comprimidos verdes para
a alergia deviam ser tomadas antes ou depois das cápsulas para o estômago e se
devia tomar as amarelas para o coração antes ou depois das refeições, voltou ao
médico. Este lhe deu uma caixinha com várias divisões, mas achou que titio
estava tenso e algo contrariado. Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para
dormir.
Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o farmacêutico
e seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele passar através do meio,
enquanto eles aplaudiam.
Meu tio, em vez de melhorar, foi piorando. Ele tinha todos os remédios num
armário da cozinha e quase já não saia mais de casa, porque passava praticamente
todo o dia a tomar as pílulas.
Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos remédios que ele usava,
deu-lhe um cartão de ‘Cliente Preferencial’, um termômetro, um frasco estéril
para análise de urina e lápis com o logotipo da farmácia.
Meu tio deu azar e pegou um resfriado. Minha tia Chiquita, como de costume,
fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel, chamou também o
médico.
Ele disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e
Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma pequena
taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de Amoxicilina, a cada 12
horas, durante 10 dias. Apareceram fungos e herpes, e ele receitou Fluconol com
Zovirax.
Para piorar a situação, Tio Totonho começou a ler as bulas de todos os
medicamentos que tomava, e ficou sabendo todas as contraindicações,
advertências, precauções, reações adversas, efeitos colaterais e interações
médicas.
Leu coisas terríveis. Não só poderia morrer mas poderia ter também arritmias
ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão, insuficiência renal,
paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas
terríveis.
Com medo de morrer, chamou o médico, que disse para não se preocupar com
essas coisas, porque os laboratórios só colocavam para se isentar de culpa.
- Calma, seu Totonho, não fique aflito, disse o médico, enquanto prescrevia
uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril 100 mg. E como
titio estava com dor nas articulações deu Diclofenac.
Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto para a
farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP.
Chegou um momento em que o dia do pobre do meu tio Totonho não tinha horas
suficientes para tomar todas as pílulas, portanto, já não dormia, apesar das
cápsulas para a insônia que haviam sido prescritas.
Ficou tão ruim que um dia, conforme já advertido nas bulas dos remédios,
morreu.
No funeral, tinha muita gente, mas quem mais chorava era o farmacêutico.
Agora, tia Chiquita diz que felizmente mandou titio para o médico bem na
hora, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes."
Image courtesy of Arvind Balaraman at FreeDigitalPhotos.net
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