by Telma M.
Muitas histórias eu pude presenciar durante o período em que trabalhei
exercendo minha profissão da farmacêutica.
Houve um tempo em que eu aplicava muitas injeções, o que possibilitou que eu
conhecesse muitas histórias pessoais. Como já disse em outra postagem, a sala de
aplicação desperta nos pacientes uma necessidade imensa de falar da própria
vida.
Até já andei contando algumas histórias por aqui. Veja, por exemplo, “Será que os pais influenciam no comportamento das crianças?”.
Hoje vou contar mais uma dessas histórias:
Bunin Fayina (não se assustem, esse não é o nome verdadeiro) era um russo
grandalhão, com a voz de trovão, cabelo ruivo e pele da face denunciando varíola
ou espinhas de adolescência.
A verdade é que ele parecia um homem assustador, mas, ao se sentar na cadeira
da salinha de injetáveis, percebia-se que era um senhor tímido e medroso; quase
como todo mundo quando entra numa sala para tomar uma injeção.
Eu, como sempre, trocava algumas palavras para descontrair o paciente, pedia
que ele pensasse em coisas agradáveis, para distraí-lo do incômodo; só então
aplicava o medicamento.
Na primeira vez que ele esteve por lá, confesso que fiquei espantada.
Em geral consigo disfarçar muito bem minhas expressões faciais perante
situações estranhas, pois acredito que é muito indelicado um profissional
farmacêutico demonstrar espanto diante de qualquer característica pessoal
esquisita do paciente. Mas aquela situação foi muito inusitada...
A injeção dele era dada na barriga e ... Bunin Fayina não tinha umbigo!
Como pode ser isso?
Quem consegue nascer sem umbigo?
Está certo que hoje as pesquisas científicas estão avançadas, mas tenho
certeza que ainda não conseguiram criar pessoas sem umbigo.
O homem não tinha umbigo e eu não consegui disfarçar o meu espanto.
Felizmente consegui conter meu ímpeto de perguntar onde estava o umbigo dele.
Fiquei muda, mas ele percebeu minha curiosidade e perguntou:
- “O que você acha que aconteceu com o meu umbigo?”
É claro que eu não tinha a menor idéia, mas respondi que podia ser alguma
cirurgia.
- “Não foi cirurgia.”
Então o que teria sido?
Ele contou sua história:
Quando estava para nascer a mãe vivia em um local afastado da civilização,
numa área rural da Rússia, por volta de 1940.
Certo dia o pai e os irmãos estavam na lavoura quando chegou a hora do parto.
A mãe estava em casa apenas com um irmão pequeno.
Quando ela começou a sentir as dores do parto mandou a criança chamar alguém
para ajudá-la.
O garoto trouxe a primeira pessoa que encontrou no caminho. Era uma andarilha
que não tinha a menor noção de como fazer um parto.
A tal mulher fez o que pôde.
Depois que a criança nasceu ela amarrou o umbigo direitinho, seguindo a ordem
da mãe de Bunin. Porém, quando a mulher lhe disse para cortar o cordão
umbilical, cortou, com um tesourão de poda, do lado errado!
Em vez de cortar a ponta externa ao ponto onde estava amarrado ela cortou
pelo lado interno. Acontece que ao secar e cair, o umbigo desapareceu e no seu
lugar ficou uma espécie de franzido na pele da barriga inteira.
O que aconteceu foi que o homem ficou com uma barriga inteira franzida em vez
de ter um pequeno umbigo.
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