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sábado, 27 de julho de 2013

Vovó Rosa, o crochê e a cadeira de balanço. Relembrando a vida de antigamente.

Relembrando os crochês e tricôs de minha vó na cadeira de balanço.
by Telma M.
Avós são como nossas mães, só que elevadas ao quadrado.
Tudo que elas fazem é nos amar em dobro, ou melhor, ao quadrado.
Isso e outras coisinhas, como o preparo de guloseimas, café fraquinho com um montão de açúcar, curau num pote enorme, pão quentinho, leite coalhado ao sol, couve picada tão fininha que parece linha de pipa.

Sem contar o arroz cozido com batatinhas, quiabo com baba, ovo cozido com caldo de feijão, doce de leite de corte, bolo de fubá, caneca de leite com espuma, fatias de pão com manteiga aviação, linguiça mista frita, torresmo, galinha ensopada... 
Virgem Santa! Chega de tanta lembrança. Eu não aguento tanta saudade assim!

Mas essas guloseimas não são tudo que avós fazem, elas também se sentam na varanda para tomar o sol da manhã e oferecem o colo para o aconchego da neta, mesmo que isso implique largar o crochê de lado.

Rosa era assim, sentava todas as manhãs em sua cadeira de palha, com os pés no sol, com umas meias escuras de lã bem grossa, pois só assim os sentia aquecidos. Ao lado colocava um canecão cheio de leite fervido, com uma rodela de filó em cima. Dizia que o filó protegia das moscas e o leite ficava ao sol “azedando”. Mais tarde ela servia uma deliciosa coalhada preparada com uma grande dose de carinho e muitas colheradas de açúcar cristal. Uma delícia que só na infância foi possível saborear.

Quando a neta dispensava o decepcionante "colinho" da avó (Minha avó tinha pernas curtas. Ao sentar na cadeira de palha, suas pernas formavam um ângulo propício a deixar a neta escorregar de mansinho, isso era decepcionante, pois o objetivo era permanecer confortavelmente sentada no colo dela...) o crochê era tecido com uma velocidade de impressionar. Eram toalhas, mantas, meias, sapatinhos, almofadas, toucas, blusas, casaquinhos de bebê, tapetes de banheiro, chales, um sem número de peças delicadas ou rústicas, tecidas com rapidez e agilidade. Mas nessas ocasiões Rosa preferia a cadeira de balanço. Ficava naquele “vai-e-vem” da cadeira e das mãos crochetando, só que uma lenta e as outras freneticamente ativas.

Nesses momentos a neta parecia viajar em seu mundinho de fantasias com as bonecas de pano... Só parecia, pois observava atentamente o frenesi da avó e guardava cuidadosamente o gosto pelo crochet e pelas artes manuais, habilidades desenvolvidas mais tarde...

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