O Negrinho do Pastoreio é um personagem mítico do folclore da região dos
pampas no Rio Grande do Sul, mas já propagado a outros estados meridionais e
difundida, também, nos pampas uruguaio e argentino. É uma lenda afro-cristã surgida em meados do século XIX, período em que ainda
havia escravidão no Brasil, que retrata, muito bem, a violência, a injustiça, os
desmandos e impropérios impostos aos escravos.
Segundo a tradição, o Negrinho do Pastoreio era um pequeno escravo, afilhado de Nossa Senhora, que era maltratado e sacrificado pelo patrão, estancieiro avarento e cruel.
A LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO
Diz a lenda que nos tempos da escravidão, havia um estancieiro extremamente
malvado que era “proprietário” de muitos escravos.
Dentre os escravos, estava um menino negro de quatorze anos, cuja tarefa era
cuidar do pasto e dos cavalos do rico fazendeiro.
Certo dia, numa época de inverno rigoroso, o fazendeiro mandou que o menino
fosse pastorear alguns cavalos e potros recém-adquiridos.
Depois de labutar o dia inteiro, naquele frio de rachar, o menino voltou para
casa.
Qual não foi sua surpresa ao ser acusado pelo patrão de ter perdido um dos
cavalos. O estancieiro disse que estava faltando o cavalo baio.
Imediatamente, como castigo, mandou açoitar o menino. Com um chicote, foi
dada uma surra tão grande, que o menino ficou sangrando.
Em seguida, o malvado e irado patrão mandou que o negrinho voltasse ao pasto
para procurar e recuperar o animal perdido.
Aflito, o pequeno escravo saiu à procura do cavalo baio. Até que o encontrou
rapidamente, mas, após laçá-lo, a corda se partiu e o animal fugiu novamente.
Continuou procurando por horas, mas não conseguiu encontrar nada.
Ao retornar à estância, já tarde da noite, sem ter trazido o tal cavalo baio,
encontrou o patrão ainda mais irritado.
No auge de sua crueldade, espancou o garoto e, para aumentar o castigo,
amarrou-o, sangrando e nu (sem roupas), sobre um formigueiro. Imediatamente, as
formigas tomaram conta do corpo do guri.
No dia seguinte, o cruel fazendeiro voltou ao local do formigueiro para
verificar o estado de sua vítima.
A surpresa foi muito grande e o susto ainda maior.
O menino estava lá, livre, sem nenhum vestígio das chicotadas, sem nenhuma
marca dos ferimentos produzidos pelas formigas. Estava lá, montado no cavalo
baio que havia sumido.
Ao seu lado estava Nossa Senhora, a Virgem Maria, sua madrinha.
O fazendeiro jogou-se no chão pedindo perdão, mas o Negrinho do Pastoreio
nada respondeu.
Apenas beijou a mão da Santa e partiu, a galope, conduzindo o baio e uma
fantástica tropilha de cavalos.
Dizem que este foi um milagre de Nossa Senhora, que salvou o menino
transformando-o em anjo.
A CRENÇA DA RECUPERAÇÃO DOS OBJETOS PERDIDOS
Creem os gaúchos que o Negrinho do Pastoreio faz aparecer as coisas perdidas,
mas, para que isso se efetive, após o pedido, é necessário acender, nas
campinas, cotos de vela.
que triste essa lenda, mas felizmente ele foi salvo e protegido por nossa senhora, muito lindo, me tocou demais.... !!!
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