by Roberto M.
O que é mula-sem-cabeça? Qual é a origem da lenda da mula-sem-cabeça?
O folclore brasileiro é muito rico e uma das histórias mais conhecidas, das que povoam o imaginário, principalmente das populações rurais, é a lenda da mula-sem-cabeça.
“Numa noite de quinta para sexta-feira, o rapaz se apressa para chegar à sua casa que fica nas proximidades da igreja matriz. Ele está acabrunhado e atento no meio da escuridão, pois sabe que é noite da mula-sem-cabeça.
De repente, o seu pressentimento se torna realidade. Um tropel barulhento se aproxima rapidamente; são cascos que em desabalada carreira vêm levantando poeira. Num instante ele ouve um gemido quase humano, em outro um relinchar pavoroso. Aparece então o bicho horrendo. Tem a forma de uma mula, mas não tem cabeça. Mesmo sem ela, solta fogo pelas ventas. Ataca quem estiver pela frente, pessoas ou animais, com coices dilacerantes cortando como navalhas”.
O mito da mula-sem-cabeça é oriundo de Portugal e já existe desde o tempo do Brasil colônia e tem similares nos folclores do México e da Argentina.
É conhecida também pelos seguintes nomes: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-cabeça, Malora (México), Muladona (Espanha), Mula Anima (Argentina).
O mito fala que, virar mula-sem-cabeça é o castigo que cabe à chamada mulher do padre.
Diz a lenda que as mulas-sem-cabeça são mulheres que têm casos com padres. Seu castigo é virar burrinha nas noites de quinta para sexta-feira, e correr sete cidades, atacando tudo o que estiver pela frente.
Quando chega a madrugada, exausta e cheia das marcas provocadas pelas batidas e arranhões, a mulher com aparência de mula readquire sua forma humana, mas na próxima noite de quinta-feira, tudo recomeçará e ela novamente irá cumprir sua sina.
De acordo com a região em que é contada, existem variações na lenda da mula-sem-cabeça: o animal pode ser negro, com uma cruz de cabelos brancos; pode soltar fogo pela cauda e pode carregar um freio ferozmente mastigado na boca espumante de sangue.
Há variações, também, no modo de quebrar o encanto da mula.
Uns dizem que só o padre pecador pode evitar que sua concubina cumpra seu fado. Para tanto, deve amaldiçoá-la antes de celebrar a Santa Missa.
Outros falam que uma vez iniciado, o encanto só pode ser quebrado por alguém que cause na mula um ferimento que derrame sangue. Mas é necessário que esse ferimento sangrento seja fruto de um enfrentamento numa luta. No momento do ferimento, o encanto se quebra e a mulher reaparece em sua condição humana, inteiramente nua.
Há ainda quem diga que se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a mula-sem-cabeça, voltará a ser gente, ficando livre da maldição.
Em todos os casos, porém, é castigo de mulher de padre.
Bibliografia:1) Cascudo, Luiz Da Câmara - Lendas Brasileiras - 7ª Edição - Ed. Global- 2001
2) Revista Porto Seguro Brasil - 2ª Edição - Ed. Abril - Jan/2004
Bibliografia:1) Cascudo, Luiz Da Câmara - Lendas Brasileiras - 7ª Edição - Ed. Global- 2001
2) Revista Porto Seguro Brasil - 2ª Edição - Ed. Abril - Jan/2004
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Hehehehehe...
ResponderExcluirMinha avó contava estas histórias, e depois apontava quem era o filho do padre. Que maldade..
Beijão