by Roberto M.
Frei Caneca não é apenas o nome de uma das ruas mais conhecidas da cidade de São Paulo. Frei Caneca era o nome popular de Joaquim da Silva Rabelo, depois Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca (vivia, quando garoto, da venda de canecas nas ruas de Recife, daí seu nome).
Nasceu em Recife aos 20 de agosto de 1779 e morreu fuzilado, também em Recife, aos 13 de janeiro de 1825.
Foi um religioso e político brasileiro. Esteve implicado na Revolução Pernambucana (1817) e na Confederação do Equador (1824), onde foi líder e mártir.
Mas vamos colocá-lo no contexto histórico.
Os anos de 1817 e 1824 marcaram um período muito agitado na história do Brasil. Duas grandes revoltas irromperam, naqueles anos, em Pernambuco, acabando por se ramificar em várias outras províncias do Brasil colonial/imperial.
Uma das causas da revolução de 1817 foi a rivalidade existente entre portugueses e brasileiros, em Pernambuco. Havia também o descontentamento contra o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro de quem os adversários políticos diziam: Caetano, no nome; Pinto, na coragem; Monte, nas alturas e Negro, nas ações.
Era uma revolução nacionalista e republicana. Conspirava-se nos cenáculos da maçonaria. Havia banquetes em que os conspiradores traçavam os planos da revolta. Nesses banquetes não se consumia pão e trigo, porque o trigo vinha de Portugal. Comia-se pirão de farinha de mandioca. Nada de vinho, que também era importado do Reino Português, mas a legítima e nacional aguardente de cana.
Após alguns episódios de luta, elegeu-se um governo provisório. O povo confraternizava com os revoltosos e gritavam depreciativamente contra os portugueses. O governador fugiu do palácio e refugiou-se numa fortaleza. A revolta estava vitoriosa.
Os revoltosos se organizavam e tentavam propagar o movimento republicano pelas outras províncias, mas o governo português também tomava suas providências.
Houve a prisão de muitos revolucionários (inclusive Frei Caneca que ficou quatro anos detido em Salvador na Bahia). Tropas foram enviadas. Bloqueou-se Recife. Escassearam os mantimentos. O governo real começou a castigar os revoltosos republicanos não só com prisões, mas com a morte. Foram tantas as execuções capitais que o próprio rei mandou sustar os poderes da comissão militar, encarregada de processar os dissidentes.
Esses excessos acirraram o espírito popular, a tal ponto, que em 1824 outra revolução republicana se instaurou. Dessa vez de maior vulto e muito mais difícil de debelar. Chefiada por Pais de Andrade, contou com a adesão das províncias de Ceará, Paraíba e Rio grande do Norte. Foi a chamada “Confederação do Equador”.
As forças imperiais mandadas contra os revoltosos conseguiram vencer as províncias revoltadas. As execuções dos que participaram dessa tentativa de nova república seguiam a todo vapor.
No Recife, um dos revoltosos condenado à morte foi Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca.
Sua execução comoveu pela serenidade e elevação. O povo todo da cidade chorava de dor e compaixão.
O carrasco, um réu de pena de morte cuja sentença seria comutada após executar Frei Caneca, se recusou a matar o patriota.
O ajudante do carrasco, outro condenado à morte, recusou-se também à abominável missão.
A execução demorava a acontecer. Frei Caneca aguardava serenamente a hora de sua morte.
Mandou-se buscar qualquer outro condenado para servir de carrasco, mas ninguém aceitou.
Mudou-se então o modo da execução. Frei Caneca seria fuzilado pelos soldados. Um soldado do pelotão desmaiou, mas a “cerimônia” continuou.
Frei Caneca foi amarrado ao poste de execução e apenas disse aos soldados, no momento que foi dada a ordem de “sentido!”: “Amigos, peço que não me deixem padecer por mais tempo...”
Frei Caneca foi fuzilado a 13 de janeiro de 1825 na Fortaleza das Cinco Pontas.
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Bom. Muito Bom!
ResponderExcluirNo Rio de Janeiro uma das ruas mais importantes é a Frei Caneca.
E é lá, que pegamos nossas canecas para tomar um Chopp bem geladinho. rsrs
Um abraço.
Frei caneca foi um missionario, assim como foi Tiradentes.
ResponderExcluirParabéns pela representação histórica.