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O conto do vigário. Quando a esperteza e a ingenuidade se encontram.

sábado, 1 de setembro de 2012

Como surgiu a expressão "Cair no conto do Vigário"? Tudo leva a crer que foi devido a um golpe de esperteza de um vigário para conseguir uma imagem de Nossa Senhora.


Cair no conto do vigário significa um ato de esperteza do criminoso ao mesmo tempo que é um ato de ingenuidade e ganância da vítima

by Telma M.
Cair no conto do vigário” é uma expressão muito utilizada para descrever a situação em que uma pessoa, ingenuamente, é vítima de um estelionato, de uma enganação, praticada por algum espertalhão criminoso.
Existem muitas versões para explicar o surgimento do termo “cair no conto do vigário”, mas todas elas têm como ponto central da trama, um golpe de esperteza e um vigário.


A versão mais conhecida diz que o princípio de tudo é a disputa da posse de uma imagem de Nossa Senhora entre dois vigários de duas paróquias diferentes em Ouro Preto – MG, no século XVIII.
As igrejas em questão eram a de Pilar e a da Conceição.

Para resolver a contenda, o vigário de Pilar sugeriu que amarrassem a santa em um burro que estava ali próximo e o colocasse entre as duas igrejas. A igreja que o burro tomasse direção ficaria com a santa.
O vigário da igreja da Conceição, ingenuamente, aceitou o modo de decisão.

O animal acabou indo para a igreja de Pilar, que ganhou a disputa. Mais tarde teria sido descoberto que, o burro pertencia ao vigário dessa igreja que, espertamente havia sugerido que o seu burro voltasse para casa.

Outra versão interessante diz que em Portugal no século XIX alguns malandros espertalhões chegavam às pequenas cidades do interior e, desconhecidos que eram, se apresentavam como emissários do vigário.
Com uma grande e pesada mala que diziam estar cheia de dinheiro, os vigaristas afirmavam que necessitavam guardá-la para continuarem viajando.

Eles deixavam a mala, teoricamente cheia de dinheiro, na casa de alguém, mas como garantia, solicitavam aos incautos moradores uma quantia em dinheiro para viajarem tranqüilos.
Os malandros pegavam o dinheiro, sumiam e nunca mais voltavam. Quando as pessoas abriam a mala que guardaram só achavam objetos sem valor algum. Tinham caído no conto dos emissários do vigário.

Mas ainda hoje somos vítimas dos contos do vigário que andam por aí. Até com remédios, medicamentos, idosos e doenças sérias os vigaristas brincam.
Vejam essa história que presenciei:

Remédios e medicamentos naturais não são tão inofensivos como parecem ser à primeira vista. Veja o artigo “Medicamentos e Remédios naturais são inofensivos?” e tenha uma noção dos perigos de se consumir um produto natural sem orientação médica.
Muitas vezes, por conta da crença de que remédio natural não faz mal, acabamos por ser vítimas e caímos no verdadeiro “conto do vigário”.

Numa visita que fiz a meus parentes no interior de São Paulo, eu cruzei com um sujeito (que vinha não se sabe de onde, talvez de Minas, talvez de Goiás) que ganhava dinheiro de muitos idosos desinformados, afirmando categoricamente que podia curar o “Mal de Alzheimer” com um produto que a própria mãe dele havia consumido.

Ele afirmava descaradamente que sua mãe havia se curado com o tal produto.
Eu fui verificar que produto “milagroso” era aquele que o indivíduo vendia para todos os velhinhos da pequena cidade de interior por um preço exorbitante...

Era um simples suco puro de uva. Que bom seria se suco de uva curasse Alzheimer!
Infelizmente o tal charlatão sumiu depois que soube que eu era farmacêutica. Não deu tempo de denunciá-lo.

Nesse caso o suco de uva não oferecia perigos à saúde dos idosos inocentes - crentes de que iriam se curar de uma doença que ainda não se conhece a cura - mas outros produtos podem ser nocivos, cuidado com o charlatanismo, atenção para não cair no conto do vigário.
Bibliografia: 1) Cascudo, Luís da Câmara - Ditos e Provérbios do Brasil
                      2) Rocha, Natércia - Contos e Lendas de Portugal

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